Figurino #4: Matilda

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Essa não é a primeira vez que Matilda aparece por aqui. Ela é a protagonista do filme Léon, the Professional e eu já declarei todo o meu amor por ele aqui.

Além da história, que é boa demais, foi meio impossível para mim não reparar no figurino de Matilda. Primeiro porque geralmente é o tipo de coisa que eu costumo reparar mesmo. Segundo porque é difícil não notar as combinações que ela usa quando você foi uma criança nos anos 90!

Como esquecer os shortinhos jeans de cintura alta? Os chokers? As roupas de crochê?

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Na história, Matilda é obrigada a fugir de casa com o vizinho e novo amigo, León. Apesar de criança, ela se vê de repente envolvida numa confusão que a obriga a ter uma certa maturidade e a fazer coisas que provavelmente não devia, como ser parceira de um matador de aluguel.

O figurino, pra mim, foi bem mais do que apenas conjuntinhos legais e notei que ele foi um elemento importante para ajudar a contar a história de diferentes maneiras.

A primeira tem a ver com seu próprio estilo. Matilda tem certos itens que são inseparáveis dela, como o colarzinho tipo choker, a bota e o cardigã que parece de crochê. Tudo com muita cor e muita textura. Mas isso, além de ajudar a compor o estilo da personagem, tem a ver também com a própria situação em que ela está.

Com a fuga repentina de casa, Matilda acaba passando uma boa parte do filme usando as mesmas roupas, variando muito pouco entre as poucas coisas que ela conseguiu pegar em casa. Essas peças, como o casaco, permanecem com ela até as cenas finais do filme, e de certa forma simbolizam suas raízes, um certo vínculo que permaneceu com sua casa e sua família, apesar de não estar mais com eles. Ou seja, acaba sendo uma conexão com seu passado.

Por outro lado, longe de casa, Matilda passa a trabalhar com León e, de uma maneira até engraçada, ela passa a se vestir como ele. Usa uma touquinha de crochê e um óculos tipo John Lennon quando estão em ação e uma camiseta branca como a de León quando fazem faxina e exercícios em casa. Uma atitude bem própria de criança, vestir roupas de adulto para brincar (eu fazia isso demais com as roupas da minha mãe!), só que com uma finalidade nada divertida nesse caso.

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Bom, essas são algumas impressões e sensações que me passaram quando comecei a prestar atenção no que os personagens vestiam no filme. A costume designer do filme se chama Magali Guidasci e, claro, não faço a menor ideia do que ela pensou para compor o figurino, embora eu gostaria muito de saber.

Apesar de já ter alguma experiência com curtas-metragens, na hora da ação, sempre me esqueço que essa parte do figurino é mais complexa do que parece e essas análises sempre ajudam a pensar em referências e também na importância que as roupas e os adereços podem ter dentro de um filme.

E, ah, gosto demais desse filme, gente! Se não conhecem a história de León e Matilda, fazfavor! <3

Figurino #3: Marianne Renoir

Tudo bem se alguém acha os filmes do Godard chatos ou se não entendem nada do que acontece neles. São filmes que demoram um pouco pra gente se acostumar. Podem achar o que quiser, mas uma coisa é verdade: os filmes são muito bem feitos e muito bem pensados. Isso está refletido em várias partes, nos diálogos, nos cenários e locações, na iluminação e no figurino. Não assisti todos os filmes do Godard e não parei para analisar isso em cada um, mas no geral, a forma como as cores são trabalhadas nos cenários e nos figurinos tem uma importância e um destaque nas cenas e são bem coerentes com a proposta de cada filme.

Por isso, hoje quem está nessa sessão é Marianne Renoir, uma das protagonistas de Pierrot Le Fou, filme do Godard de 1965. Claro que grande parte do charme do figurino é culpa de Anna Karina, essa musa que não cansa de aparecer por aqui.

Esse post é pra você que também morre de amores pela moda na década de 60! Nunca estudei moda, não sei muito bem os termos e nomes das coisas, então provavelmente alguma coisa vai passar por causa disso. Mas tudo que escrevi aqui são minhas impressões descritas com todo o meu amor por esse filme e é isso que vale!

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Nas palavras do próprio Godard, Pierrot Le Fou – baseado no livro Obsession de Lionel White – é a história de um homem que deixa sua família para ir atrás de uma menina muito mais nova, a babá de seus filhos. Ela está envolvida com pessoas estranhas e não muito confiáveis e isso acaba levando os dois a uma série de aventuras.

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Pra começar, o que realmente me chama atenção no figurino de Marianne – falei um pouco sobre isso aqui – é a mistura de estilos. No início do filme, que são essas fotos de cima, Marianne está bem feminina. Cabelo de princesa Léa, gola peter pan, vestido de renda e sapatilhas. Na minha interpretação, isso faz muito sentido com a história. Nesse momento ela ainda é vista como a babá dos filhos de Ferdinand e a mulher que o atrai, então faz sentido todo esse estilo menininha elegante.

Ao longo do filme, isso muda. Como vocês podem ver nos frames seguintes, Marianne varia entre um estilo mais tomboy e os vestidinhos clássicos. Afinal, eles começam a fugir de uma galera e o clima do filme também muda.

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Como em muitos filmes do Godard, as cores azul, branco e vermelho saltam da tela. São as cores da bandeira da França e, sendo o bom francês que é, não é de se espantar que isso aconteça. Essas cores estão presentes, como vocês devem ter notado, em 90% dos figurinos de Marianne e dos outros personagens também.

Mesmo quando não estão exatamente dentro dessa paleta da bandeira francesa, a gente consegue observar referências ao vermelho e ao azul. Como no terceiro figurino, o vestido rosa e cardigã azul claro. No quarto figurino, ela usa um casacão militar e calça xadrez, mas tem uma meia azul ali pra compor look.

No final do filme, Marianne aparece com referências náuticas, que também acompanha a história. Além do quepe de marinheiro, que é óbvio, a calça de cintura alta, o casaco jogado nos ombros e a sapatilha lembram um pouco o estilo dos uniformes da marinha, uma versão mais divertida da coisa. Esses looks também deram uma cara mais formal e menos aventureira que havia no início do filme. As referências continuam na última cena de Marianne (spoiler!), com a camiseta listrada e a saia lápis vermelha.

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Esse filme é um exemplo de direção de arte bem feita demais! Trabalhar com cores fixas assim deve ser realmente muito difícil porque elas não estão só no figurino, mas nos cenários e nas locações. Um puta trabalho! Parabéns, Godard!

E mesmo se você não conhece o filme, Marianne Renoir/Anna Karina são uma verdadeira inspiração, é só procurar no google. Também já fiz vários posts sobre ela aqui no blog!

Eu não entendo nada de história da moda, mas sou realmente apaixonada pelos figurinos que aparecem nessa época da Nouvelle Vague. E os cabelos também são puro charme. Fiquei anos de franjinha por causa da Anna Karina e estou sempre tentada a cortar de novo por causa disso.

Tem algum figurino te marcou também? Me conta aí! o/

Figurino #2: Sheldon Cooper

Quem é que não gosta de uma camiseta? Bonitas, confortáveis, servem pra sair, pra fazer atividades físicas e pra dormir. Hoje temos a opção de encontrá-las de qualquer cor e com mil e uma estampas diferentes. Pra mim, é uma peça chave e as que eu mais gosto são as mais velhas, haha.

Em se tratando de t-shirts e bom gosto, não posso recomendar outro personagem que não Sheldon Cooper. Se você não conhece, ele é um dos protagonistas da série The Big Bang Theory. Sim, ele é um gênio da física que acredita ser mais inteligente que… qualquer um. Todos. Até Isaac Newton. Mas sua arrogância e seus problemas de interação social, o que na verdade mostra que ele é bastante ingênuo, é o que fazem de Sheldon o personagem mais engraçado da série, na minha opinião.

Contradições e problemas da alma de um gênio à parte, haha, Sheldon tem um ótimo fashion sense porque suas camisetas são as melhores!

Aliás, todo o figurino em TBBT é super bem trabalhado porque eles são muito importantes pra construção de cada personagem. Recentemente vi essa entrevista com a Costume Designer da série, Mary T. Quigley, comentando como ela escolhe as camisas do Sheldon. Segundo ela, são todas compradas em lojas comuns, como a Urban Outfitters, por exemplo. E algumas são compradas online. Me parece que ela não  segue exatamente uma paleta de cores, acho que as estampas são mais importantes nesse caso.

Quigley explica também que sempre tenta colocar mais do que uma camada de roupa porque Sheldon é super preocupado com sua saúde e usar duas blusas – ou mais – faz todo sentido pra ele se sentir mais protegido. Outra característica interessante é que ele sempre usa o mesmo sapato, afinal, aquele modelo é mais adequado, mais confortável, ou seja, é o sapato perfeito pra ele e não há necessidade de ter mais de um par.

Mas o que achei mais interessante, foi que Quigley disse que embora Sheldon tenha muitas camisetas – e isso é perceptível – ele não tem um guarda-roupas infinito e faz todo o sentido pra um personagem como ele repetir as camisas várias vezes. E realmente isso acontece na série, embora a gente não repare tanto.

Dá uma olhada nesses frames!

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Essas fotos aí de cima são de todas as camisas que Sheldon usou ao longo da sexta temporada. Sim, fui eu que fiz baseado na ideia dessa pessoa, que teve o trabalho de fazer um infográfico com todas as estampas das camisas de todos os episódios. Mas como eu não saberia fazer isso e como ela parou na sexta temporada, achei que seria legal continuar!

Gente, deu bastante trabalho fazer isso, mas foi super recompensante porque a gente consegue notar coisas que não vemos enquanto estamos assistindo os episódios.

Eu notei que: Sheldon é super fã do Flash, haha; as estampas de listras e xadrez foram desaparecendo ao longo da série, a camisa que ele usa por baixo não necessariamente combina com a de cima e realmente as estampas se repetem desde a primeira temporada.

Ufa! Acho que isso foi tudo que consegui pensar até agora, haha. Se você gosta de direção de arte e/ou caracterização de personagens, fazer esse exercício de parar e analisar os frames é muito bom! Com certeza vou repetir por aqui.

E se você não gosta de The Big Bang Theory, tudo bem, mas vai falar que Sheldon não tem um ótimo gosto pra camisas? : )

Figurino #1: O Bebê de Rosemary

Acho que já falei por aqui que gosto muito de Direção de Arte. Pra mim é uma das partes mais importantes na produção de um filme porque – quando bem feita, né – deixa com cara de real aquilo que você quer filmar. Ou seja, você tem que criar o mundo no qual os personagens vivem e fazer parecer de verdade. SÓ isso, haha! Como se fosse muito fácil…

E daí que olhando umas fotos da Mia Farrow, um dia encontrei um croqui original do figurino de O Bebê de Rosemary, um dos meus filmes favoritos. Achei super interessante e fui atrás de outros, mas só encontrei mais um. A dona dos desenhos é Anthea Sylbert, que foi figurinista deste e de outros filmes famosos como Chinatown e King Kong!

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O figurino tem um papel importante não só para construir a personalidade do personagem, mas porque pode também ajudar a contar a história. O jogo de cores e estampas, por exemplo, pode ser muito útil para deixar transparecer o humor ou estado de espírito do personagem.

Não encontrei nada “oficial” sobre isso, mas no caso deste filme, acho que o figurino fez muito bem o papel de deixar Rosemary com ar de menina ingênua e pura que contrasta muito com a criatura que ela pariu no final, haha! Não sei as nomenclaturas usadas pelo pessoal da moda, mas as roupas são todas muito femininas, com golas peter pan e trapézio, que junto com esse cabelinho deixam ela fofa, né? Os vestidos de gola quadrada, com estampas de listras, bolinhas e xadrez em tons pastéis compõe todo um visual meio scholar girl. Era o que se vestia nos anos 60, mas não sei, tenho a impressão que neste filme eles deram a ela um aspecto mais infantil e frágil, justamente pra criar o clima da história.

Enfim, o que vocês acham disso? Eu acho tudo lindo, porque ela é linda e as roupas também, haha! E se você não assistiu ainda, fica uma super dica de filme!

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Fonte: Stylelovely