Filmes da semana #15

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Primeiro Filmes da semana e do ano e eu JURO que só tem indicação boa! Acho que comecei o ano com o pé direito em relação ao cinema!

E vocês (aquela pergunta básica), o que andam assistindo por aí?

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Carol (Todd Haynes, 2015)

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Therese Belivet trabalha em uma loja de departamentos, no setor de brinquedos quando conhece Carol, uma mulher mais velha que havia ido até lá comprar um presente de Natal pra sua filha. Depois desse encontro, as duas acabam desenvolvendo uma relacionamento amoroso.

Amigos, apenas uma mensagem: vão ver esse filme. É sensível, é triste e retrata com muita delicadeza o drama de se envolver com uma pessoa do mesmo sexo naquele contexto da década de 50. Imaginem, hoje essa situação ainda está extremamente difícil mesmo com todas as lutas e todas as mudanças políticas que vem ocorrendo. O filme parece retratar bem as barreiras e angústias que as pessoas de mesmo sexo viviam para estarem juntas naquela época, principalmente se você era uma mulher casada e com filhos, o caso de Carol.

Ainda assim, o filme é bonito demais porque, ao meu ver, fala também sobre se apaixonar por alguém. E às vezes acontece assim, de repente, quando menos se espera e por alguém que menos se espera. Infelizmente a vontade de estar junto pode não superar toda a pressão da sociedade quando ela diz que não é certo estarem juntos, mas o sentimento, esse ninguém pode falar que não é certo. Então, gente, aproveitem que ele está em cartaz em muitos lugares, vejam se está aí na cidade de vocês e corram pra ver.

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The Lobster (Yorgos Lanthimos, 2015)

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Num futuro distópico, de acordo com as leis da Cidade, pessoas são proibidas de serem solteiras. Os que tiram o azar de ficarem sozinhos são levados para o Hotel e tem 45 dias para encontrarem um novo alguém e assim se tornarem um casal, sendo liberados pra viver em sociedade novamente. Aqueles que não conseguem cumprir a missão são transformados em um animal (as próprias pessoas escolhem qual animal será) e levados para a Floresta. Nesse contexto, acompanhamos a jornada de David na busca por uma parceira.

A sinopse podia ser maior porque na Floresta acontecem muitas outras coisas e fiquei com muita vontade de escrever aqui. Mas resolvi contar só isso porque era o que eu sabia quando vi o trailer. Por falar nisso, caso vocês assistam ao trailer, não se enganem, não é uma comédia romântica. É um filme muito estranho e denso e faz a gente ficar muito em dúvida se é melhor ser solteiro ou não, dentro da situação do filme. Ao mesmo tempo, faz a gente pensar bastante sobre essa estrutura familiar e monogâmica que é imposta na nossa sociedade. Enfim, de qualquer jeito, não tem uma perspectiva muito positiva, já aviso.

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Reality Bites (Ben Stiller, 1994)

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Um grupo de amigos acabou de se formar na faculdade e, de repente, foram todos empurrados pra realidade de conseguir um emprego, manter uma casa, ter um vida decente, se relacionar com outras pessoas, se apaixonar, procurar um sentido nas coisas do mundo… e ainda conseguir fazer tudo isso funcionar com as ideologias que eles tinham quando ainda eram estudantes.

Quando vi esse filme pela primeira vez eu era bem mais nova, devia ter uns 17 ou 18 anos. Lembro que gostei, mas agora, já tendo passado por essa fase de sair da faculdade, sair de casa e etc, acho que o filme fez muito mais sentido. Inclusive, eu nem achava que ia fazer tanto, porque ele é da década de 90 e pensei que “já tá velho, né?”. Mas, olha, tem uns probleminhas aí que não mudaram muito em 20 anos não, viu? Tem certos dramas que vão sempre andar juntos com nossa existência, ao que parece.

Se você já viu esse filme há algum tempo, assim como eu, recomendo assistir novamente. Apesar de ser um filme bem, digamos, jovem, é daqueles que fazem bem assistir quando estamos mais velhos. É minha impressão.

(E tem Winona e Ben Stiller novinhos com cara de anos 90, vale a pena!)

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Precisamos falar sobre o Kevin

Quando vou assistir a um filme, procuro assisti-lo de verdade e não ficar prestando atenção nas questões mais técnicas e estéticas, coisa que eu gosto muito. É difícil, principalmente quando se trata de tudo que envolve a arte, cores, luz e enquadramentos.

Em alguns filmes, essas escolhas estéticas saltam aos olhos e elas estão relacionadas com a direção propriamente dita, ou seja, como as cenas vão ser filmadas, como serão os enquadramentos, movimentos de câmera, posicionamento dos personagens e etc. Isso seria o trabalho básico do diretor,  combinado, claro, com os outros elementos como o desenvolvimento do roteiro, a arte, a atuação e a fotografia. Um exemplo de direção em que isso tudo fica muito evidente são os filmes do Wes Anderson, que muitos de vocês devem conhecer. Aliás, acho que a fama dele vem desse estilão que ele acabou criando com o tempo.

Como curiosa e pessoa que curte fazer filmes com os amigos de vez em quando, gosto muito de prestar atenção nesses detalhes. Como combinar essas escolhas estéticas com a história que queremos contar? Isso é, pra mim, a essência do cinema, é a forma como alguém mostra aquilo que quer mostrar. Essas escolhas criam filmes completamente diferentes, com climas diferentes e sentidos diferentes.

Mas vamos ao assunto. Tudo que eu falei até agora é só pra contar que eu assisti Precisamos falar sobre o Kevin recentemente e alguns planos (nesse caso, falo mais especificamente dos enquadramentos + direção de arte) me chamaram muita atenção.

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Precisamos falar sobre o Kevin é um filme sobre a relação de uma mãe, Eva, com seu filho, Kevin, ao longo do tempo. Relação bastante conturbada emocionalmente. A história não é contada de forma linear e também não é muito explícita. Às vezes dá pra ficar um pouco perdido na ordem dos acontecimentos. O filme é tenso, Eva é uma personagem bem triste e as tentativas de relacionamento entre ela e Kevin são bem duras.

Acredito que as cores, os posicionamentos dos personagens e a composição dos elementos no quadro são muito responsáveis por nos mostrar como a relação deles se desenvolveu, como Eva é sempre assombrada pelo fato de ser mãe e como ela e Kevin, embora sejam muito distantes, têm várias coisas em comum.

Essas composições, então, acabam ajudando a criar, digamos, uma unidade emocional da história e do que os personagens estavam vivendo, sentindo ou pensando. Principalmente porque essas composições se repetem ao longo de todo o filme, em diferentes momentos. Acho que isso é bem potente porque, nesses casos, não é necessário um diálogo pra gente entender o que está acontecendo. O sentido vem junto com a forma como as coisas estão colocadas na tela.

Não dá pra esquecer de falar das cores que, vocês devem ter notado, tem um destaque bem grande, principalmente o vermelho e o azul. Eva está sempre envolvida pelo vermelho e Kevin, pelo azul. Mas, por exemplo, Eva pinta seu quarto de azul, num determinado momento, e Kevin usa vermelho, em outro. Embora eles raramente estejam próximos um do outro, estão sempre em posições opostas ou de enfrentamento, o uso das cores ao longo do filme ajuda a criar essa conexão entre mãe e filho, apesar de todos os problemas que os envolvem.

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Acho que até quem não assistiu ao filme, consegue perceber esse climão que a história tem, só de ver esses frames, vocês concordam?

Enfim, fiz essa análise, mas não tenho uma conclusão sobre o assunto e nem acho que tenho que ter, na verdade. Como falei, apenas gosto de observar esses elementos e tentar aprender alguma coisa. E achei que seria legal compartilhar com vocês  meus pensamentos e minhas percepções sobre esse filme.

Gosto muito de ver um trabalho bem feito assim e é realmente motivador e inspirador pra quando estamos criando nossas próprias coisas. Só pra deixar claro, não acho que tem que ser regra, não acho que um filme que não tenha essas coisas que eu observei aí em cima seja ruim ou pobre ou preguiçoso. Cada filme é um filme e é muito bom ver quando algo dá certo, sendo feito das mais diversas maneiras que se pode fazer.

Vocês já assistiram Precisamos falar sobre o Kevin? Tiveram impressões parecidas com o que descrevi ou não, não tem nada a ver tudo isso que falei? Me contem aí!

Filmes da semana #13

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Vejam só quem andou assistindo filmes. Sim, euzinha. Acho que já comentei isso por aqui, mas, não sei o porquê, andei meio desanimada/com preguiça/sem paciência pra assistir filmes uma boa parte desse ano. Enfim, todos temos esses momentos…

E aí que isso mudou recentemente e assisti alguns filmes inesperados e bons, inclusive alguns da minha meta desse ano. Então podem esperar mais filmes da semana vindo por aí…

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Um senhor estagiário (The Intern, Nancy Meyers, 2015)

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Ben, com 70 anos, viúvo e com muita vontade de fazer atividades pra preencher o tempo e dar sentido à vida, entra em um programa de estagiário sênior na empresa de Jules Ostin, a About the size, um site gigantesco que vende roupas online. Ben, muito animado, é convocado para ser estagiário pessoal de Jules, que no primeiro momento não gosta da ideia, apesar de ser sobrecarregada de trabalho, não dormir, não comer e não ter tempo pra família.

Tinha séculos que eu não passava pelo cinema e resolvia assistir a um filme na hora, o que quer que estivesse em cartaz. De todas as opções desse final de semana, eu e Dudu acabamos escolhendo esse e, aí gente, que o filme é bonitinho demais! Achei bem contemporâneo no sentido de que é fácil de se identificar com as questões dos personagens. Por um lado, tem uma pegada feminista bem interessante e bem aparente (e que acho difícil de aparecer num filme como esse), com toda a situação de Jules ser dona de uma mega negócio, sustentar a família (e o casamento). Por outro lado, o filme me fez pensar bastante sobre a questão do envelhecimento, que acho que sempre nos pega em algum momento da vida… Tanto em relação aos nossos relacionamentos (o filme é de amor também, gente <3), quanto sobre como vai ser a vida quando ficarmos velhinhos.

Dá pra rir e dá pra chorar um pouquinho também. Fica a dica, ainda está em cartaz!

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Homens, mulheres & filhos (Men, women & children, Jason Reitman, 2014)

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Um grupo de adolescentes do ensino médio e seus pais tentam viver suas vidas, construir suas relações nessa era em que a internet toma conta das nossas vidas e modifica todas essas interações. A história é dividida em núcleos familiares, cada um lidando com diferentes problemas como comunicação, privacidade, auto-imagem e, principalmente, o controle e a vigilância que a internet propicia hoje em dia, tópico que, imagino, todos temos alguma experiência.

Confesso que quando assisti ao trailer, não esperava que o filme fosse ser tão interessante. Apesar de uma ou outra coisinha meio forçadas no roteiro, assim como o filme anterior, Homens, mulheres & filhos é um drama familiar totalmente atual que vale pra todas as idades. É um bom filme e é daqueles que terminam e imediatamente temos assunto pra conversar porque ele está super conectado com o que vivemos hoje.

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Terra Estrangeira (Walter Salles, 1996)

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Em meados dos anos 90, Paco decide ir embora do Brasil com destino à cidade natal de sua mãe, San Sebastian, na Espanha. Nessa viagem, Paco se vê envolvido junto com outras pessoas em um esquema de contrabando que o levará à coisas boas e perigosas.

Hoje o Dudu comentou que Terra estrangeira lembra um pouco os filmes do Godard e acho que ele está totalmente certo. Godard tem uma frase famosa que diz que tudo que você precisa para um filme é uma garota e uma arma e tem tudo a ver com esse filme. Além disso, tem fuga, tem perigo, tem viagens que desembocam no mar (que é essa imagem maravilhosa do cartaz!) e personagens que perambulam, sem nada a perder, mas também sem muito a ganhar.

É bem bonito. Eu não sabia absolutamente nada sobre ele antes de assistir e foi a segunda surpresa boa desse final de semana!

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Homens, mulheres & filhos e Terra estrangeira estão na minha lista de metas pra esse ano. Os dois foram filmes que fiquei com vontade de assistir por causa do cartaz e estou feliz porque me surpreenderam. Gosto muito de assistir filmes assim, sem saber o que esperar deles! Essa listinha só tem me trazido alegrias até agora, haha!

E vocês, gente, o que tem assistido por aí? Alguém aí tem boas indicações?

Noite de chuva

Vocês lembram daquela série que comecei a fazer chamada Filmes de aluguel? Pois é, ela ainda existe e vou continuar postando por lá filminhos aleatórios sobre coisas que acontecem no nosso dia-a-dia, sem temas muito bem definidos, o que der vontade de fazer mesmo.

Essas imagens do vídeo de hoje são de janeiro desse ano. Quando resolvi editá-las esses dias, não imaginei que iriam coincidir com esse tempinho frio e chuvoso que apareceu de repente. Que preguiça, né, gente? Não dá vontade de colocar nem o nariz pra fora da janela!

(E um super obrigada pelas mensagens de feliz aniversário ontem! Vocês são pessoas muito queridas mesmo!)

O vermelho em Kumiko, a caçadora de tesouros

Se tem uma coisa que me fascina demais no cinema é a forma como as cores são trabalhadas. Não só sobre como é definida a paleta de cores, como serão os figurinos, cenários, etc… Mas a maneira como uma cor pode ajudar a contar a história. E isso foi uma das primeiras coisas que pensei depois que o filme Kumiko terminou.

Mas tudo bem, vamos por partes. Kumiko, a caçadora de tesouros é um filme de 2014 escrito e dirigido pelos irmãos Nathan e David Zellner. Ele conta a história de Kumiko, uma mulher japonesa que um dia descobre uma fita VHS do filme Fargo. Após assisti-lo, Kumiko passa a acreditar que ele mostra a localização de um tesouro escondido nos EUA e se torna seu objetivo encontrá-lo.

Gostei muito da história, achei bem original. Caçar tesouros, seja ele qual for, não é um tema fora do comum, mas acredito que o filme se tornou interessante muito por causa de Kumiko. Ela é uma personagem interessante. Ao mesmo tempo que é delicada e inocente, não larga mão de sua obsessão e tem uma coragem danada pra enfrentar os problemas que essa caçada coloca na sua frente.

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Pois bem, além da história, me chamou muito atenção como o vermelho é uma cor guia durante todo o filme. Parece meio clichê, o vermelho sempre é utilizado quando se quer destacar algo (claro, quando ela não é já a cor predominante).

Mas, aos meus olhos, o vermelho nesse filme quase que se torna um personagem. A cor, além de fazer o papel de destacar Kumiko do restante dos ambientes, com seu casaco vermelho, meio que condensa elementos importantes da história: Fargo, seu objetivo, o tesouro, mas também sua origem, sua identidade e o destino de sua vida. Aquilo que pode salvá-la, no meio de uma cidade coberta de gelo, e aquilo que pode levá-la

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Acho que as imagens acabaram ficando um pouco pequenas por causa do layout do blog (vocês podem clicar pra ficarem maiores e assistirem ao trailer), mas espero que tenham conseguido entender o que eu descrevi. Apesar de ser chamativo, o vermelho se tornou um pontinho sutil no filme, que vai marcando os passos de Kumiko na jornada e não nos deixa esquecer quem ela é e o que está perseguindo.

E o filme é bonito demais, gente! Acho que já deu pra notar pelos frames, né? E fica na medida certa entre o drama e uma super tensão da aventura de Kumiko. Quando eu crescer quero fazer filmes assim!

Site oficial do filme.

Em cartaz #35: John and Mary

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John and Mary se conhecem em um bar. Os dois engatam numa conversa interessante e Mary acaba indo para a casa de John. Na manhã seguinte, Mary acorda no apartamento daquele cara que ela nem sabe o nome e começa a andar pela casa tentando descobrir um pouco da vida do sujeito. John, depois que acorda, faz o mesmo movimento. Observando Mary, seu jeito, seus pensamentos, tenta entender com quem ele está sentado tomando café.

O filme é construído basicamente, e literalmente, sobre os pensamentos de John e Mary sobre o outro. Eles pouco conversam, o que mais ouvimos são seus pensamentos. Eles presumem coisas, tentam adivinhar, constroem futuros e o destroem logo em seguida, se julgam e brigam um com o outro dentro da cabeça sem nem ao menos se conhecerem.

Julgar as pessoas pela aparência, através de nossos próprios preconceitos, é tão feio, porém tão normal de acontecer, né gente? Quando a gente menos espera, podemos estar jogando fora uma coisa legal por causa desses comportamentos. Eu gostei do filme por causa disso, é bem simples e meio que coloca uma lupa nesse problema específico da desconfiança quando não conhecemos alguém.

 

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John e Mary é uma adaptação do livro homônimo escrito por Mervyn Jones, foi dirigido por Peter Yates e lançado em 1969. Apesar de ser ter Mia Farrow e Dustin Hoffman nos papeis principais, dois atores bem queridinhos naquela época – Mia havia acabado de fazer O Bebê de Rosemary – o filme parece não ter tido muita repercussão.

Nem encontrei muitos cartazes, como vocês podem ver. Esta segunda versão foi feita pela artista Miyuki Okashi, e achei bem mais interessante do que o poster oficial. Acho que é a primeira vez que encontro um cartaz feito – ou com o efeito – de aquarela.

Bom, pessoalmente, acho um filme bem realizado e, inclusive, um prato cheio pra quem gosta da moda e design dos anos 60/70. John era um amante do design e seu apartamento parece todo modernoso pra época, o que chama a atenção de Mary também. Eu não sei nada de arquitetura, gente, mas parece super chique. E Mia Farrow, toda bonita com esse pixie cut e vestido de gola peter pan, dispensa comentários!

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No ano passado, na semana do dia dos namorados, fiz um post com uma lista de filmes anti-dia dos namorados. Pra não repetir a negatividade, resolvi trazer esse porque é, de certa forma, esperançoso e nos faz pensar na forma como agimos nesse processo de conhecer alguém novo. Acho que não deve ser um filme difícil de encontrar, mas ele está completo no youtube!

Agora, momento desabafo, quase não tenho assistido filmes, gente, socorro! O que vocês tem visto de bom? Me contem aí!

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Em cartaz #32: Kino Babylon

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Esses cartazes foram feitos pelo designer Luca Bogoni para o cinema Kino Babylon que fica em Berlin. Luca disse em seu próprio site que ao planejar esta campanha para o Kino Babylon, ele pensou o cinema como uma Torre de Babel dos dias modernos, um lugar de encontro não só de filmes, mas também de uma comunidade eclética com interesses diversos.

É uma pena que não tenha encontrado a imagem em melhor resolução, mas acho que vocês conseguem ver as pessoinhas e elementos que ele colocou compondo essa “torre”.

Mas isso tudo aí eu só fiquei sabendo depois. Os cartazes me chamaram atenção mesmo porque tem a cara de quatro diretores que estão na minha lista top 10 da vida. E as frases que compõe os cartazes foram ditas por eles mesmos. Eu não entendo alemão e muito pouco de francês, então vou colocar uma tradução aqui pra quem também está no mesmo barco!

Godard diz: “É preciso confrontar ideias vagas com imagens claras”. Woody Allen diz: “Deus está morto, Marx está morto e eu também não me sinto muito bem”. Polanski diz: “Um filme deve fazer você esquecer que está sentado em um cinema“. E Hitchcock, com cara de fanfarrão, diz: “Existe algo mais importante do que a lógica, a imaginação”.

Eu gostei bastante da ideia. De tudo, aliás. Da fonte, do contraste do rosa com o preto e branco e das fotos escolhidas. Fora que foi uma forma de dar visibilidade e de apresentar os diretores para quem passou pelo cinema e não os conhecia.

Campanhas bonitas como essas por aqui, por favor!

(O Kino Babylon é um dos cinemas mais antigos de Berlin. Ele começou a funcionar em 1929 e atravessou todos esses anos firme e forte, mesmo com as guerras e as situações caóticas as quais a Europa esteve submetida. Encontrei esse artigo bem legal para quem se interessar pela história!)

Bons romances: Like Crazy e Breathe In

Se tem coisa que eu adoro é descobrir um filme sem querer e acabar me surpreendendo de bom que ele é.

Foi assim com o Like Crazy. Gostei tanto que resolvi assistir outro do mesmo diretor – e com a mesma atriz, Felicity Jones <3 – o Breathe In e foi tão bom quanto!

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Like Crazy conta a história de Anna, uma estudante britânica que está fazendo intercâmbio nos EUA, e que acaba se apaixonando por Jacob, um colega de sala. Acontece que o visto de Anna vai expirar e ela, então, tem que voltar para a Inglaterra.

 

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Em Breathe In, Felicity Jones está no mesmo papel de uma intercambista britânica, Sophie, que vai passar um tempo nos EUA. Sua host family é composta por um casal com uma filha. O pai, Keith, será o professor de música de Sophie na escola e a filha, Lauren, sua colega de turma. Sophie e Keith tem em comum o gosto pela música e aos poucos os dois vão se aproximando, dividindo seus anseios e frustrações. Só que essa relação trará algumas grandes consequências.

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Sejamos sinceros, os temas dos dois filmes não são nada novos. Relacionamento à distância entre pessoas de países diferentes e um cara mais velho, frustrado com a vida, que se apaixona por uma menina bem mais nova, bom, acho que vemos muito disso por aí tanto no cinema quando na literatura (e na vida!).

Mas uma das coisas que mais me faz gostar de cinema é essa possibilidade de contar histórias de maneiras tão diferentes. E eu gostei muito do estilo do Drake Doremus, que é o diretor dos dois filmes.

O que mais me chamou atenção foi a crueza das cenas. As situações e os diálogos são bem secos, no sentido de que não tem rodeios, floreios e fofurices, o que acabou dando um aspecto muito natural para tudo. Eu nunca vivi nenhuma dessas situações, mas os filmes me fizeram sentir que, se eu vivesse, seria algo muito próximo do que ele mostrou.

Andei lendo algumas coisas sobre o diretor e descobri que ele não trabalha exaustivamente no roteiro antes de começar a gravar, então tem muitos momentos de improvisação nos filmes. Em Like Crazy senti bastante isso, principalmente nas situações de discussões e desentendimento entre eles.

São filmes de tapa na cara o tempo todo, sabe como é? Totalmente o oposto de romances mamão com açúcar. Não tem coincidências, planinhos pra se safar de alguma situação ou vilões que querem destruir a relação. É simplesmente a vida que acontece, com todos os percalços e consequências. Eu tinha até ficado na dúvida se deixava ‘romances’ mesmo no título, mas depois cheguei a conclusão de que são sim bons romances, com as coisas boas e ruins que envolvem a relação entre duas pessoas. Só não são contos de fadas, mas isso não existe, né?

Se eu fosse fazer filmes de romance algum dia, gostaria que fossem parecidos com alguns desses. Não são perfeitos, tem alguma coisa ou outra que não gostei, mas pra mim foram detalhes que não comprometem em nada todo o restante de bom que há.

Então fica aqui então minha sugestão pra vocês! Espero que tenham gostado!

P.S. Felicity Jones, sua bonita, you rock!

Tornado, o primeiro de todos

Já que eu e meus amigos andamos nessa vibe de curtas-metragens e festivais, e como eu disse que faria isso, resolvi mostrar pra vocês hoje o primeiro curta que participei.

Antes, deixa eu contar pra vocês a história toda. Eu entrei na faculdade com 17 anos porque gostava de escrever, nunca havia pensado no cinema como uma possibilidade. Eu e minha irmã sempre brincamos com câmeras desde novinhas, tenho mil filminhos nossos dançando, encenando e etc, mas filmes pra mim eram só passatempo. Acho que eu sequer tinha noção da existência de cursos de cinema.

E aí que no início da faculdade, eu e os amigos da época conhecemos o Dudu, que tinha uma câmera bem legal e já entendia desses paranauês. Um dia estávamos de bobeira na casa dele e simplesmente resolvemos fazer um filme. Do nada mesmo. Não faço a menor ideia da onde surgiu essa ideia do aspirador de pó assassino, mas pensamos tudo no mesmo dia e marcamos de gravar. E olha, apesar de ser super simples, deu trabalho! Muitos dedos foram cortados com fios de nylon pra fazer esse filme, hahaha!

Mas sem dúvidas foi uma das melhores experiências que tive. Foi tudo feito despretensiosamente, na diversão, pelo prazer de estar fazendo algo legal.

No final das contas, acabamos o inscrevendo no Primeiro Plano, aquele festival que acontece aqui na minha cidade, e foi uma das coisas mais loucas que já vivi. Primeiro, porque foi a primeira vez que participei do festival e, segundo, porque assistir o Tornado na tela gigante e notar a reação das pessoas, perceber que elas estavam rindo, reagindo a ele de verdade, foi uma coisa que me desestabilizou. Acho que nesse dia eu me apaixonei pelo cinema e decidi que era o que eu queria estudar.

Pra finalizar, nós acabamos ganhando o Prêmio José Sette no festival, que é mais uma brincadeira, um incentivo pra gente continuar fazendo. O prêmio consistia em cachaça, torresmo, pipoca e outras comidas de bares famosos aqui na cidade, haha. Vocês podem imaginar nossa felicidade, né?

Enfim, ele já tem mais ou menos 6 anos de idade, mas ainda tenho muito carinho por ele. Me lembra uma época boa!

Espero que curtam também! ;)

Os melhores filmes e as decepções de 2014!

Sim, finalmente 2014 está chegando ao fim! E chegou também a hora de fazer o balanço do que assisti ao longo desses meses, assim como fiz no ano passado.

Confesso que essa foi uma lista difícil de fazer, o que me deixa feliz porque, de certa forma, significa que assisti a muitos filmes que me agradaram. Já os desapontamentos foram bem fáceis de identificar, haha.

Bom, a maioria dos filmes legais que assisto, costumo colocar nos Filmes da Semana, mas esses daqui foram os que se destacaram por algum motivo. O engraçado é que depois que fiz a lista, notei que falei sobre quase todos eles aqui no blog, o que também faz muito sentido! Então, vamos lá.

 

 ♥ O Gosto do Chá

Geralmente não consigo fazer essas definições, mas posso dizer com segurança que a melhor descoberta de filme que fiz esse ano foi O Gosto do Chá. Ele entrou direto pra minha lista de melhores da vida, inclusive! Mas não vou falar muito porque já escrevi apaixonadamente sobre ele aqui.

 

 ♥ Miss Violence

Outro filme que mexeu com meu coração foi Miss Violence. Talvez tenha sido o filme mais impactante do ano. É daqueles que te tira completamente da zona de conforto, que te faz pensar nos relacionamentos familiares, no poder que as pessoas tem sobre as outras. É tenso. Tem resenha dele aqui no blog, mas se não quiser nenhum spoilerzinho, assista apenas ao trailer!

 

Palo Alto

Já disse por aqui que sou fã da Sofia Coppola e dessa família de gente talentosa. Adorei também Palo Alto, que foi o primeiro longa da Gia Coppola, sobrinha da Sofia. Embora tenha sido baseado em um livro de contos do James Franco, que não curto muito por motivos completamente abstratos, o filme é lindíssimo e muito bem realizado.

No post que escrevi sobre ele, comentei também que as cores – e a direção de arte de modo geral – do filme são belíssimas e voltarei a falar sobre isso no ano que vem.

 

 ♥ Picnic at Hanging Rock

Seguindo a vibe de histórias da adolescência, não poderia deixar de citar Picnic at Hanging Rock, um filme tão misterioso e estranho quanto a própria adolescência. Também escrevi bem enigmaticamente sobre ele aqui no blog. Não é um filme que se pode falar muito.

 

 ♥ O Duplo

Baseado no romance O Duplo, de Dostoiévski, arte maravilhosamente trabalhada e um combo de drama e humor meio obscuro. É muito inteligente e brinca bastante com nossa imaginação. Não é exatamente realista e já adianto que não tem nada a ver com aquele O Homem Duplicado – porque vi algumas pessoas compararem os dois.

Mas ainda não falei sobre ele por aqui e também não sei se já chegou aos cinemas, então fica a recomendação! Assistam ao trailer pra vocês terem um gostinho.

♥ O Profissional

Como assim demorei tanto pra assistir a esse filme? Já tinha ouvido falar e estava na minha listinha depois da empreitada de assistir a todos os filmes com a Natalie Portman. A curiosidade aumentou depois que fiquei sabendo que a música Matilda, do Alt J, foi inspirada na personagem da Natalie nesse filme.

Nunca poderia imaginar que seria tão bom! O título original é Léon, The Professional, e foi dirigido pelo Luc Besson. E é claro que ele vai merecer um post especial aqui no ano que vem!

 

 ♥ O Grande Hotel Budapeste

Embora esse não seja meu filme favorito do Wes Anderson, quis incluí-lo aqui porque foi um dos poucos filmes bons que assisti em uma sala de cinema de fato esse ano. Aqui na minha cidade não tem sido oferecida uma programação tão diversificada e acabamos ficando presos ao que tem nas redes de cinema dos shoppings.

Mas O Grande Hotel felizmente chegou aqui! É bonito, é engraçado e não tem como não agradar quem gosta do estilo do Wes.

 

♥ Inside Llewyn Davis

E por último, Inside Llewyn Davis, para acabar de derreter nossos corações. Fiz uma resenha detalhada e declarei todo o meu amor pelo filme nesse post.

Não tem nada que eu não tenha gostado nesse filme. História, estrutura narrativa, as cores, as músicas, o elenco…

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Bom, sobre as decepções, me surpreendi ao pensar que foram mais ou menos as mesmas do ano passado e 90% delas foram em relação a filmes de ficção científica ou de viagens espaciais. Junto com Gravidade e Elysium, que foram os que citei na lista passada, acrescento às decepções Oblivion, Monsters, Viagem à Lua de Jupiter, Contra o Tempo e Upside Down.

Não sei, talvez seja uma implicância minha, talvez eu esteja esperando algo que eu acho que seja óbvio que estejam nesses filmes e não está.

A questão é que a maioria deles tem ideias muito boas, como é o caso de Upside Down e Monsters. A base é bem original, mas o desenvolvimento da história sempre acaba no casal que quer ficar junto. As questões mais interessantes relativas à ficção científica em si quase nunca são exploradas e acaba que muita coisa fica mal explicada. Fora que esse tema do mocinho e da mocinha que tentam ficar juntos nem é desenvolvido com originalidade, é sempre a mesma coisa…

Sobre essa questão dou destaque especial ao Upside Down, que tem uma ótima ideia, um excelente elenco (Kirsten Dunst e Jim Sturgess), lindas imagens e efeitos gráficos, mas que me deixou muito irritada! Acho um desperdício de dinheiro, sinceramente. É um romance muito besta e o fato de que ele se passou naquele ambiente futurista e diferente não o deixou mais interessante.

Outro desabafo sobre isso é o fato de que nos “filmes do futuro” tudo é branco e de vidro e com telas de touch e todo mundo usa roupas que parecem de neoprene. Gente, vamos lá, isso não tem mais a cara do futuro. Tirando as naves voadoras, nossa vida já tem muitas semelhanças com isso. Inclusive, roupas de neoprene estiveram ou estão em alta de verdade. Será que não tem outras formas de pensar como seria o futuro? Esse é um terreno que pode ser explorado infinitamente e sem limites exatamente porque o que, pelo menos pra mim, torna o futuro tão misterioso é exatamente seu mistério! Ele pode ser o que quer que nossa cabeça imagine.

Mas, claro, não foi tudo ruim… Não posso deixar de mencionar alguns filmes nessa linha que assisti nesse ano que foram bons e bem originais em várias questões como Her, Mr. Nobody, Under the Skin, Interstellar e The American Astronaut.

Me planejei para escrever tanto sobre essa minha decepção, quanto sobre alguns desses filmes que citei agora, mas infelizmente não consegui. Enfim, gostaria de pensar melhor sobre essas questões, assistir a mais filmes de ficção científica e rever alguns que gostei para estruturar melhor minha crítica. Até porque comecei a me interessar por esse tema recentemente e sei que tem muita coisa mais antiga e boa que merece ser vista.

De qualquer forma, não queria deixar de compartilhar esse desabafo com vocês. De repente tem alguém aí que tem sentido a mesma ou então que tem algum filme pra indicar.

Bom, pessoal, acho que é isso tudo por hoje! Espero que tenham gostado das dicas. E claro que vou adorar saber quais foram os filmes legais que vocês assistiram nesse ano, me contem aí!

Obrigada mais uma vez por me acompanharem por aqui! No ano que vem tem mais!

<3