Filmes da semana #16

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E não é que eu andei assistindo a alguns filmes? Não tanto quanto eu gostaria, mas… De qualquer forma o final de semana tá chegando e se você tá sem ideias e querendo umas dicas de filmes pra assistir, deixo aqui minhas recomendações!

Heathers (Michael Lehmann, 1988)

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Com o nome horroroso em português Atração Fatal, esse filme é tipo uma versão de Meninas Malvadas + As Patricinhas de Beverly Hills só que nos anos 80 e com mortes e crimes.

Veronica, que costumava ser uma garota “comum” na escola, acabou se envolvendo com um grupo de patricinhas comandado por uma menina chamada Heather. Vocês sabem, aquele estereótipo norte-americano das patricinhas. Percebendo que as meninas eram esnobes, que maltratavam os outros e que isso não iria lhe trazer nenhum bem, Veronica se juntou com um cara esquisitão da escola pra se vingar de todas as cool kids.

Primeiro: não fazia ideia da existência desse filme. Só assisti porque vi que a Winona Ryder tá no elenco e eu andei muito numa fase de Winona Ryder. Acabou que foi uma surpresa boa. Segundo: estamos muito acostumados com esses filmes high school, mas esse é mais pesado que o normal e eu certamente não recomendaria pra uma criança/adolescente porque, né, não queremos mortes nas escolas. Enfim, se você é fã de filmes dos anos 80 ou da Winona, vai na fé que vai ser bom.

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O Espelho (Andrei Tarkovsky, 1975)

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O Espelho (Zerkalo, no original) não é o filme mais fácil de descrever. Tudo que eu poderia contar pra vocês foi o que descobri enquanto assistia ou então que pensei só depois que ele terminou.

Ele foi escrito e dirigido pelo Tarkovsky e você provavelmente vai ler em todos os lugares que o filme é autobiográfico. Não conheço bem a vida dele pra confirmar isso e, convenhamos, essa coisa de realidade e ficção se confunde muito fácil.

Eu diria que o filme é um pouco como o retrato da vida e das memórias de um homem e também um retrato da vida na Rússia nos tempos da guerra. Não é um filme de ação, já aviso. É aquele filme pra assistir com disposição e atenção. Eu sugiro que vocês assistam ao trailer. Vocês vão entender melhor a vibe e vai ser melhor do que qualquer coisa que eu possa escrever aqui. Mas, ó, Tarkovsky é bom e bonito demais, isso não dá pra negar.

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Ruby Sparks (Jonathan Dayton, Valerie Faris, 2012)

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Calvin é um escritor que tá lutando pra escrever seu novo romance. Tentando sair desse bloqueio, ele acaba criando uma personagem, Ruby Sparks, que se transforma em sua amiga e sua namorada e eles vivem vários bons momentos juntos. Até que um dia ele percebe que não estava vivendo aquilo tudo na sua cabeça, ou no seu livro, mas que Ruby era real.

Vamos combinar que esse tema do escritor que não consegue escrever é bem clichê e tá presente em muitos filmes. Eu nem tava muito animada com Ruby Sparks, mas pensei que seria um bom filme levinho pra assistir naqueles dias de preguiça. E foi mesmo.

Acaba que o desenvolvimento do filme com esse aspecto meio mágico e surreal do surgimento da Ruby deixa tudo mais interessante e menos clichê. E sem dúvidas o filme transcende um pouco o que ele é e nos faz pensar sobre um certo tipo de relacionamento que é controlador, que é opressor, que não sabe lidar com a diferença e individualidade de cada um. É meio tentador pensar em criar alguém que vai ser e fazer exatamente o que você quer, mas se essa é uma boa ideia, é outra história.

Coisas aleatórias numa noite de segunda-feira

Não morri, estou bem viva e vou contar pra vocês.

1. A primeira coisa importante que tenho pra contar é sobre esse blog que agora é parceiro de duas editoras muito lindas, a Gaivota e a Biruta (vocês viram os selinhos ali do lado?). Eu realmente não estava esperando que isso pudesse acontecer e estou bem feliz! As duas publicam livros infantis e infantojuvenis, então aguardem que em breve terão resenhas e vídeos de Três razões pra ler de livros lindezas. Eu amo livros, gente, estou ansiosa já, o que mais posso dizer?

2. A segunda coisa importante é que eu sumi um pouco porque estava participando de oooutro filme. E dessa vez não estava na direção ou em nenhuma função técnica, massss resolvi me aventurar e ser atriz. Vejam vocês que reviravolta!

Eu já tinha atuado antes, só que foram coisas bem simples e secundárias. Mas pra este filme me convidaram pra ser a protagonista. Primeiramente, eu gostei muito. Foi bem divertido e o que e achava que era fácil de fazer, percebi que era difícil e vice-versa. Aprendi sobre direção mais do que nunca e acho que não vou ser mais a mesma quando tiver que dirigir um outro filme. Segundamente, posso ter estragado tudo hahaha Espero que não, amigos, vamos aguardar!

O filme não tem nome ainda, mas tem algumas fotos liberadas pela produção haha!

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Meu tio | Livros & Cinema

Vou começar contando como conheci Meu tio. Foi um daqueles casos de alguém que te indica um filme – no caso minha irmã – e aí um ano depois você decide assistir. Mas antes disso, numa daquelas mega promoções da Cosac Naify, dei de cara com o livro Meu tio e pensei: olha, que legal, aquele filme que não vi foi baseado num livro. Tá barato e parece bom. Comprei.

Aí depois que descobri que o livro foi baseado no filme. Acho que é a primeira vez que leio primeiro um livro que veio depois do filme. Acho que ficou confuso, ficou? Enfim, vamos lá porque quero falar várias coisas.

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Meu tio conta a história de Gérard Arpel, um menino de 8 anos, e suas aventuras com seu tio, o Sr. Hullot. A família Arpel era muito chique e vivia em uma casa ultra moderna projetada pelo próprio Sr. Arpel, que era dono da Usina Plastac, uma fábrica de tubos de plástico. A casa quase que fazia tudo sozinha, pra cada coisa existia um botão, portas que se abriam sozinhas, braços mecânicos pra pegar e guardar coisas, e uma fonte no formato de peixe que era o orgulho do casal. A Sra. Arpel tinha um amor incondicional pela casa e dedicava 100% do seu tempo a ela.

Apesar de todo o conforto, Gérard achava tudo meio chato, não podia brincar, não podia se sujar e tinha que seguir várias regras dentro de casa. E então acabou encontrando liberdade e diversão com seu tio, irmão de sua mãe. Sr. Hullot morava em um bairro diferente, perto de uma praça onde sempre acontecia a feira. O lugar era agitado, as pessoas conversavam na rua, os meninos brincavam e tudo parecia mais alegre e cheio de vida. Gérard era encantado por isso tudo e pelo jeito leve e despreocupado que seu tio levava a vida. Despreocupado até demais!

Meu tio Hullot me parecia, quando eu era criança, um personagem ao mesmo tempo próximo e distante, indiferente e caloroso. É difícil explicar, eu sei. (…) ele era bem alto e bem magro. Andava aos tropeços, meio curvado para a frente, e saía distribuindo cumprimentos sem motivo.

(…) Ele era perseguido por uma fatalidade que o mergulhava em todo tipo de problema. Não perdia a oportunidade de dar uma gafe, de fazer uma trapalhada, mas, pelo jeito como aceitava os golpes do acaso, impassível, impenetrável, sem nem franzir as sobrancelhas, sem reclamar, eu me perguntava de vez em quando se ele não provocava o incidente de propósito.”

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Seguindo a ordem dos acontecimentos na minha vida, vou começar falando do livro. Ele foi escrito pelo Jean-Claude Carrière, um escritor e cineasta bem importante e que ainda está vivo, vale lembrar. Tem gente que acha sem graça, mas eu adoro um livro com ilustrações. Essas foram feitas pelo Pierre Étaix e só depois descobri que eram baseadas nas cenas do filme.

O que me fez gostar do livro – mais do que o filme – foi o fato de que ele é escrito em forma de uma lembrança. Gérard, já adulto, relembra as aventuras que viveu com seu tio, então ali tem um tom nostálgico e até um pouco triste que me agradou e pareceu bem perto da nossa realidade. É engraçado porque às vezes tenho a impressão de que a gente romantiza bastante nossas memórias e que provavelmente as coisas não foram assim como a gente imagina. Mas não importa. O que importa é o sentimento que ficou. Gérard tinha uma admiração enorme pelo seu tio e os lugares por onde passou com ele ficaram marcados de boas lembranças que só trazem um sentimento bom.

Acho que isso acontece com todos nós, não é mesmo?

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No livro, o narrador é o menino Gérard, mas no filme a perspectiva é um pouco diferente. O filme, lançado em 58, foi dirigido e protagonizado pelo próprio Jacques Tati e tem todo um quê de comédia e teatro que acho que nunca vi em outro filme. Os cenários são muito teatrais e as atuações também e acho que parte da graça está aí.

A abordagem é diferente porque não há narrador, o que vemos é a história da família Arpel e as confusões do Sr. Hullot. Então ele perde um pouco o tom mais emotivo que tem no livro, mas continua bom, pode confiar!

Acho que o filme também enfatiza mais e faz uma certa crítica às tecnologias, aos gadgets e à toda a modernização da vida das pessoas. A relação do casal Arpel com a casa é um exagero e às superficialidades das relações que eles tem com outras pessoas é muito contrastante com o que o Sr. Hullot vive no seu bairro. As poucas tentativas que a família Arpel faz de integrar o tio ao mundo deles – por exemplo, colocá-lo para trabalhar na fábrica ou tentar juntá-lo com uma vizinha – são desastrosas. Não dá, a praia do tio Hullot é outra, mas ver tudo isso acontecer no filme é bem engraçado.

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Meu objetivo não é fazer uma comparação pra ficar julgando aqui, longe de mim! Tanto o filme quanto o livro são ótimos, mas, pessoalmente, eu gostei mais do livro porque mexeu também com minhas próprias lembranças. E ambos são bem universais, fazem sentido pro público mais jovem e também pros mais velhos, então todo mundo sai ganhando!

Jacques Tati e seu personagem Sr. Hullot são bem conhecidos, mas foi a primeira vez que eu assisti/li algo deles. Se vocês não conhecem também, fica a recomendação! Vou deixar um trailer pra vocês visualizarem o clima da história!

Filmes da semana #15

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Primeiro Filmes da semana e do ano e eu JURO que só tem indicação boa! Acho que comecei o ano com o pé direito em relação ao cinema!

E vocês (aquela pergunta básica), o que andam assistindo por aí?

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Carol (Todd Haynes, 2015)

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Therese Belivet trabalha em uma loja de departamentos, no setor de brinquedos quando conhece Carol, uma mulher mais velha que havia ido até lá comprar um presente de Natal pra sua filha. Depois desse encontro, as duas acabam desenvolvendo uma relacionamento amoroso.

Amigos, apenas uma mensagem: vão ver esse filme. É sensível, é triste e retrata com muita delicadeza o drama de se envolver com uma pessoa do mesmo sexo naquele contexto da década de 50. Imaginem, hoje essa situação ainda está extremamente difícil mesmo com todas as lutas e todas as mudanças políticas que vem ocorrendo. O filme parece retratar bem as barreiras e angústias que as pessoas de mesmo sexo viviam para estarem juntas naquela época, principalmente se você era uma mulher casada e com filhos, o caso de Carol.

Ainda assim, o filme é bonito demais porque, ao meu ver, fala também sobre se apaixonar por alguém. E às vezes acontece assim, de repente, quando menos se espera e por alguém que menos se espera. Infelizmente a vontade de estar junto pode não superar toda a pressão da sociedade quando ela diz que não é certo estarem juntos, mas o sentimento, esse ninguém pode falar que não é certo. Então, gente, aproveitem que ele está em cartaz em muitos lugares, vejam se está aí na cidade de vocês e corram pra ver.

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The Lobster (Yorgos Lanthimos, 2015)

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Num futuro distópico, de acordo com as leis da Cidade, pessoas são proibidas de serem solteiras. Os que tiram o azar de ficarem sozinhos são levados para o Hotel e tem 45 dias para encontrarem um novo alguém e assim se tornarem um casal, sendo liberados pra viver em sociedade novamente. Aqueles que não conseguem cumprir a missão são transformados em um animal (as próprias pessoas escolhem qual animal será) e levados para a Floresta. Nesse contexto, acompanhamos a jornada de David na busca por uma parceira.

A sinopse podia ser maior porque na Floresta acontecem muitas outras coisas e fiquei com muita vontade de escrever aqui. Mas resolvi contar só isso porque era o que eu sabia quando vi o trailer. Por falar nisso, caso vocês assistam ao trailer, não se enganem, não é uma comédia romântica. É um filme muito estranho e denso e faz a gente ficar muito em dúvida se é melhor ser solteiro ou não, dentro da situação do filme. Ao mesmo tempo, faz a gente pensar bastante sobre essa estrutura familiar e monogâmica que é imposta na nossa sociedade. Enfim, de qualquer jeito, não tem uma perspectiva muito positiva, já aviso.

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Reality Bites (Ben Stiller, 1994)

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Um grupo de amigos acabou de se formar na faculdade e, de repente, foram todos empurrados pra realidade de conseguir um emprego, manter uma casa, ter um vida decente, se relacionar com outras pessoas, se apaixonar, procurar um sentido nas coisas do mundo… e ainda conseguir fazer tudo isso funcionar com as ideologias que eles tinham quando ainda eram estudantes.

Quando vi esse filme pela primeira vez eu era bem mais nova, devia ter uns 17 ou 18 anos. Lembro que gostei, mas agora, já tendo passado por essa fase de sair da faculdade, sair de casa e etc, acho que o filme fez muito mais sentido. Inclusive, eu nem achava que ia fazer tanto, porque ele é da década de 90 e pensei que “já tá velho, né?”. Mas, olha, tem uns probleminhas aí que não mudaram muito em 20 anos não, viu? Tem certos dramas que vão sempre andar juntos com nossa existência, ao que parece.

Se você já viu esse filme há algum tempo, assim como eu, recomendo assistir novamente. Apesar de ser um filme bem, digamos, jovem, é daqueles que fazem bem assistir quando estamos mais velhos. É minha impressão.

(E tem Winona e Ben Stiller novinhos com cara de anos 90, vale a pena!)

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The end of the tour

Imagine que você é um jornalista e que teve a oportunidade de passar alguns dias entrevistando e viajando com um de seus ídolos. É isso que acontece em The end of the tour. O jornalista e escritor David Lipsky trabalhava pra Rolling Stone e conseguiu convencer seu editor a acompanhar David Foster Wallace na turnê de lançamento do Graça Infinita.

Em primeiro lugar, queria só deixar claro que eu realmente gostei do filme e não estou indicando só porque eu li Graça Infinita. É bom e você não precisa saber nada do DFW pra assistir. Na verdade, acho que o filme é meio que uma homenagem a ele e com certeza acabou se tornando uma ótima maneira de conhecê-lo.

Eu mesma não sabia muita coisa. Não costumo pesquisar tanto sobre um autor/diretor/artista antes de ter contato com a obra em si, então o filme acabou sendo bem surpreendente em muitos aspectos.

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Mas, como eu dizia, embora tudo aconteça durante a turnê do Graça Infinita, o filme é sobre o encontro dessas duas pessoas e não sobre o livro.

Um ponto interessante nisso tudo é essa relação entre um ídolo e seu admirador, especialmente quando os dois tem o mesmo trabalho. David Lispky também era escritor e tinha acabado de lançar um romance. DFW já era gigante e famoso e todo mundo queria ouvi-lo falar sobre seu livro. A impressão é que DFW tinha chegado aonde ele queria chegar, alcançou o topo, mas não parecia que isso o deixava muito feliz ou realizado, enquanto tudo que Lispky queria era ser como ele e ter aquela vida.

Então é uma relação meio conturbada, com muitos altos e baixos, em que tudo acontece ao mesmo tempo: você está feliz de estar com seu ídolo, sente muita admiração, mas também inveja e raiva porque talvez ele não valorize coisas que você valorizaria. Nunca tive a oportunidade de conhecer assim um ídolo de perto, mas imagino que devem acontecer coisas parecidas, ele provavelmente não vai ser aquilo que você imagina exatamente.

O filme também é muito bom pros aspirantes a escritor ou a jornalista. Ambos os personagens são escritores, então tem muito sobre os processos de escrita e relação entre as ideias e a realidade. E Lipsky, naquele momento, (além de admirador de DFW e escritor) estava trabalhando como jornalista, então é possível ver um pouco da relação conflituosa entre ele e seu editor, que quer porque quer arrancar uma informação de DFW sobre um assunto que Lipsky notou que seria difícil de conversar. Esses são alguns aspectos que também tornam o filme muito interessante mesmo pra quem não conhece  DFW.

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No mais, só tenho a dizer que DFW foi uma personalidade muito interessante. Meio excêntrico, com um jeito meio peculiar de agir e falar, mas extremamente inteligente. Depois fui ver/ouvir umas entrevistas com ele no youtube e é bem fascinante o que ele fala e a maneira como ele coloca tudo com uma clareza e inteligência (de novo) e você fica meio uau. Mal posso esperar pra ler outros trabalhos dele.

E, no mais mais, quem assistiu How I Met Your Mother acredito que vai ficar tão impressionado quanto eu fiquei ao ver o Jason Segel – o Marshall – no papel do DFW. Meu queixo parou no chão quando assisti ao trailer e vi que era ele e que parecia uma pessoa totalmente diferente. Assistam!

Aqueles projetos…

Projeto? Desafio? Empreitada? Coisas que eu decidi fazer? Não sei qual o melhor termo, só sei que no ano passado usei meta e descobri que não gosto dessa palavra.

Pois é, mas e aí que essas metas do ano passado… já sabem, né? Assisti a 6 dos 12 filmes da lista. Acho que com exceção de Os Pássaros e Upstream Color (a decepção da lista, inclusive), falei sobre eles nos Filmes da semana. Mas que se dane que não consegui cumprir tudo, a vida é assim. E já estou pronta pra fazer uma nova lista, por que não? Adoro listas e adoro um desafio inofensivo. Só que dessa vez vai ser um pouco diferente porque resolvi incluir meus projetos de leitura.

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Projeto esse que deveria se chamar Calhamaços porque, olha, é só o que tem. Vou acabar lendo outros livros menores no meio do caminho (quero muito ler Sylvia Plath e Virginia Woolf também!), mas eu ficaria muito feliz se conseguisse ler todos esses três. Seis, na verdade, porque essa edição de Os Miseráveis tem dois volumes e o do Murakami é uma triologia.

Não acho que vai ser assim tão difícil. Estou pronta pra encarar qualquer livro gigantesco agora depois de acabar Graça Infinita.

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Já com a lista de filmes, resolvi ser um pouco mais objetiva. Todos esses tem meio que uma razão para estarem aí.

Na lista de diretores admirados por mim, estão Sofia Coppola e Wes Anderson e gostaria muito de conseguir assistir a toda a filmografia deles, o que é bem possível de ser realizado. Da Sofia Coppola, acho que já vi tudo, mas Maria Antonieta faz bastante tempo e queria reassistir pra depois poder fazer um super especial por aqui. Sobre o Wes Anderson, Bottle Rocket e O Fantástico Sr. Raposo estão na minha lista há tempos e só faltam os dois pra eu completar a filmografia dele. Foco!

Vocês também já devem saber que gosto bastante do Godard, mas ainda não vi o último filme dele (infelizmente… queria poder ter assistido em 3D) e resolvi incluí-lo na lista. Godard acabou ficando muito conhecido porque foi um dos diretores mais importantes da Nouvelle Vague, um movimento cinematográfico importante que surgiu na França, na década de 60. Dessa época, só assisti a filmes dele e do François Truffaut, mas nunca vi nada de nenhum dos outros diretores. Como curto muito essa parte da história do cinema, queria conhecer outros trabalhos e resolvi começar pelo A Colecionadora, do Eric Rohmer, que também é um filme bem conhecido desse movimento.

E por último – desse texto porque escrevi fora da ordem da lista, desculpem – incluí Anjos Caídos, que é um dos filmes que compõe mais ou menos uma triologia do diretor Wong Kar Wai. Falei sobre os outros dois filmes no post das alegrias de 2015.

Ficou bem modesta minha listinha, não ficou? E vocês, o que estão planejando ler/ver esse ano?

As alegrias de 2015

Chegou aquela hora do último texto que vou escrever por aqui relembrando as coisas mais legais que li/assisti em 2015. Como já comentei, este ano foi meio diferente, li muito e assisti a bem poucos filmes. Na sala de cinema, então, posso contar nos dedos as vezes em que fui. Mas não estou reclamando, tá tudo muito bem, obrigada.

Começando com a melhor coisa que talvez tenha acontecido comigo: eu finalmente terminei o mestrado no primeiro semestre. Acho até que esse volume de leituras foi resultado dessa liberdade que de repente apareceu pra mim. Finalmente tive tempo pra ler aquele monte de livros que eu comprei e estavam ali parados. Mentira, comprei um monte no caminho! Da onde vem esse descontrole, gente?

A segunda melhor coisa desse ano foi que eu e mais meus amigos fizemos um filme. Foram meses e meses de trabalho e contei sobre o processo aqui no blog, pra quem se interessar em saber como foi.

E agora, vamos à lista! Acho que vale lembrar que sim, muitos outros filmes e livros foram legais, mas tem sempre aqueles que aparecem na nossa cabeça primeiro e foram esses que escolhi. Claro, com algum padrão porque não consigo fugir disso, hehe. Então, tem 6 de cada.

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Filmes

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Amores expressos e Amor à flor da pele: Apesar de só ter resenha do primeiro filme aqui no blog, os dois foram boas descobertas desse ano. Wong Kar-Wai é um diretor que fico triste de não ter conhecido antes porque não tem absolutamente nada que eu não tenha gostado nos filmes dele. As histórias são boas, os personagens melhores ainda e a trilha totalmente maravilhosa. Junto com esses filmes, tem mais um, componho mais ou menos uma triologia. Certamente vou querer escrever algo depois que assistir aos três. Enquanto isso, se não conhecem, vão correndo procurar!

Mommy: Não escrevi sobre esse filme aqui no blog e não sei o motivo, porque foi ótimo. Foi o primeiro que assisti em 2015 lá no Cine Santa em Santa Teresa, no Rio. Foi um filme bem diferente, falado num sotaque quebequense que eu não conhecia, em uma cidade diferente, durante ótimas férias. Então só me traz boas recordações. Com certeza merece um post à parte, mas aqui vai o trailer se você não conhece!

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Que horas ela volta?: Imagino que muitos de vocês já tenham ouvido falar ou já assistiram a esse filme. Eu juro que não queria ver porque eu não vou com a cara da Regina Casé e jurava que era um filme de comédia. Puro preconceito, reconheço. Mas então só ouvi elogios e resolvi dar uma chance. Foi uma super surpresa porque o filme é bom demais, Regina Casé foi espetacular e a Jéssica mais ainda. Merece ser assistido ainda mais porque levanta questões muito importantes. Com certeza esse filme vai aparecer aqui de novo com mais calma, aguardem.

Precisamos falar sobre o Kevin: Eita que eu já rasguei ceda demais pra esse filme no blog. E com toda razão! Estávamos esperando muito pra assistir e superou as expectativas.

Pierrot le fou: Se você já conhece o blog há um tempinho, deve saber que gosto muitos dos filmes do Godard e que minha deusa é a Anna Karina. Pierrot le fou é um dos meus filmes preferidos da vida e já assisti umas 6 vezes. Mas esse ano tive a oportunidade de assisti-lo no cinema, em película, grandão, lindo do jeito que ele é, na Retrospectiva Jean-Luc Cinema Godard que aconteceu aqui no Brasil. Eu nunca pensei que assistiria a um filme dele no cinema, ainda mais Pierrot le fou! Foi de chorar, um dos clímax desse ano!

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Livros

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Graça Infinita: Eu acho, gente, que não tenho mais nada pra falar sobre esse livro. Ou melhor, não quero começar a falar de novo. Então, apenas leia o que já escrevi sobre que vocês vão entender meus motivos.

O Livro do Travesseiro: Antes do Graça Infinita tomar o posto de melhor livro do ano, O Livro do Travesseiro era o escolhido. Foi um presente surpresa e eu nunca tinha falado dele antes, mas acabou se tornando um dos meus preferidos. Escrevi um looongo post sobre ele aqui no blog.

O Livro do Chá: Seguindo a linha oriental, chás não foi exatamente o assunto que eu mais falei sobre aqui no blog em 2015, mas eu continuo gostando muito deles. E esse livro é bem interessante pra quem quer saber um pouco sobre a história dos chás e sobre a história do Japão e da China. Também rolou texto sobre ele por aqui.

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O Livro das Semelhanças: Pois é, eis que esse ano foi de descobertas na poesia pra mim. Sempre fui travada pra ler, mas alguma coisa mudou. Provavelmente o Rabo de Baleia me ajudou bastante, mas O Livro das Semelhanças realmente me pegou. Acho difícil de explicar essas coisas, simplesmente o santo bateu, alguma coisa me tocou ali. Coloquei um poesia aqui no blog, depois leiam lá se quiserem conhecer!

Vincent: Esse ainda não deu as caras aqui no blog, mas é porque estou guardando pra fazer um vídeo com as Três razões para ler. Vincent é uma biografia ilustrada em quadrinhos da vida do Van Gogh. Primeiro: que história de vida a dele, gente, sério. É emocionante e muito triste. E o trabalho da ilustradora é incrível. Vale a pena demais dar uma folheada. Quase que dá pra ler de uma vez só se vocês sentarem na livraria. Mas eu recomendo levá-lo pra casa, claro.

Rua de mão única / Infância berlinense 1900: Esse livro (que na verdade são 2 dentro do mesmo) foi escrito pelo Walter Benjamin, talvez um dos filósofos mais importantes dos últimos tempos. Li esse logo depois de O Livro do Travesseiro porque a estrutura é parecida. Esse é um livro de fragmentos, pensamentos, observações, listas que Benjamin fez sobre os mais diversos assuntos, sua vida pessoal, sua infância, política, filosofia e por aí vai. É de uma riqueza sem fim. Ele te faz pensar sobre tudo isso, além de ter uma capacidade de descrição e uma imaginação incrível. Não foi o livro mais fácil que li, mas vale cada palavrinha.

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Extras

A vida não é só feita de filmes e livros, também é feita de: séries.

Eu prometi que vou escrever sobre Bojack the Horseman e vou cumprir, mas simplesmente não posso deixar de falar aqui de novo que ela entrou pro meu rol de séries favoritas-por-favor-não-acabe-nunca! A trilha da série é meu novo toque de celular pra vocês terem ideia do nível da coisa.

Ainda sobre séries, tenho que citar Orange is the new black e Master of None, que foram ótimas descobertas desse ano. Netflix chegou pra dominar, né? Já percebemos.

A vida também é feita de lugares e pessoas, não é mesmo? Esse fui pra SP duas vezes e pude encontrar pessoas muito queridas que conheci por causa do blog e foi bom demais da conta. Tão triste que isso passa tão rápido… Ingrid, Ferds e Isa, muito obrigada pela receptividade e pelo papo, de verdade. Não vejo a hora de voltar!

E muito obrigada a todos vocês que visitam esse blog! Apesar de ter ficado afastada nos últimos tempos, vocês continuam vindo aqui e isso só me deixa feliz.

Por hoje é só!

Roller girl

Ou: o que você faz quando está sozinho em casa?

Tudo bem, não precisam responder, até porque, né, ninguém precisa saber que você fica cantando músicas de canais de karaokê no youtube ou tentando cozinhar e falhando ou chorando com séries de comédia.  São só exemplos.

Mas tem algo de muito bom em ficar muitas horas sozinho, vocês não acham? Do mesmo jeito, pode ser muito ruim e entediante. Às vezes ficamos mega produtivos e concentrados, outras vezes ficamos choramingando ou criando problemas pra nós mesmos. Bom, acho que depende de muitas coisas. Como é com vocês?

Enfim, isso tudo foi bem aleatório e só uma desculpa pra postar essa cena que deve ser uma das minhas favoritas do filme Anna de 1967, dirigido pelo Pierre Koralnik. Já falei sobre ele em algum post, não me lembro qual. É um musical com a Anna Karina linda de paixão e com o Serge Gainsbourg. E sempre lembro dessa cena quando penso nessa montanha-russa de emoções que acontece quando passamos muito tempo sozinhos.

(Uma sinopse rápida pra vocês não ficarem perdidos: Anna chega em uma cidade nova e está procurando emprego. Sem querer é fotografada por uma equipe que está fazendo algo tipo um editorial de moda na estação de trem. Quando a foto dela é revelada, o dono dessa agência fica apaixonado e tenta encontrá-la de todas as formas. Coincidentemente, Anna consegue um emprego nessa mesma agência e acaba se apaixonando por ele. Mas ele não a reconhece e ela também não se reconhece na foto. Todos ficam empenhados em encontrar a pessoa misteriosa, inclusive Anna, embora morrendo de ciúmes)

(Observação: essa foi a única legenda que encontrei. Não falo francês, então não sei se tem muitos erros!)

Precisamos falar sobre o Kevin

Quando vou assistir a um filme, procuro assisti-lo de verdade e não ficar prestando atenção nas questões mais técnicas e estéticas, coisa que eu gosto muito. É difícil, principalmente quando se trata de tudo que envolve a arte, cores, luz e enquadramentos.

Em alguns filmes, essas escolhas estéticas saltam aos olhos e elas estão relacionadas com a direção propriamente dita, ou seja, como as cenas vão ser filmadas, como serão os enquadramentos, movimentos de câmera, posicionamento dos personagens e etc. Isso seria o trabalho básico do diretor,  combinado, claro, com os outros elementos como o desenvolvimento do roteiro, a arte, a atuação e a fotografia. Um exemplo de direção em que isso tudo fica muito evidente são os filmes do Wes Anderson, que muitos de vocês devem conhecer. Aliás, acho que a fama dele vem desse estilão que ele acabou criando com o tempo.

Como curiosa e pessoa que curte fazer filmes com os amigos de vez em quando, gosto muito de prestar atenção nesses detalhes. Como combinar essas escolhas estéticas com a história que queremos contar? Isso é, pra mim, a essência do cinema, é a forma como alguém mostra aquilo que quer mostrar. Essas escolhas criam filmes completamente diferentes, com climas diferentes e sentidos diferentes.

Mas vamos ao assunto. Tudo que eu falei até agora é só pra contar que eu assisti Precisamos falar sobre o Kevin recentemente e alguns planos (nesse caso, falo mais especificamente dos enquadramentos + direção de arte) me chamaram muita atenção.

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Precisamos falar sobre o Kevin é um filme sobre a relação de uma mãe, Eva, com seu filho, Kevin, ao longo do tempo. Relação bastante conturbada emocionalmente. A história não é contada de forma linear e também não é muito explícita. Às vezes dá pra ficar um pouco perdido na ordem dos acontecimentos. O filme é tenso, Eva é uma personagem bem triste e as tentativas de relacionamento entre ela e Kevin são bem duras.

Acredito que as cores, os posicionamentos dos personagens e a composição dos elementos no quadro são muito responsáveis por nos mostrar como a relação deles se desenvolveu, como Eva é sempre assombrada pelo fato de ser mãe e como ela e Kevin, embora sejam muito distantes, têm várias coisas em comum.

Essas composições, então, acabam ajudando a criar, digamos, uma unidade emocional da história e do que os personagens estavam vivendo, sentindo ou pensando. Principalmente porque essas composições se repetem ao longo de todo o filme, em diferentes momentos. Acho que isso é bem potente porque, nesses casos, não é necessário um diálogo pra gente entender o que está acontecendo. O sentido vem junto com a forma como as coisas estão colocadas na tela.

Não dá pra esquecer de falar das cores que, vocês devem ter notado, tem um destaque bem grande, principalmente o vermelho e o azul. Eva está sempre envolvida pelo vermelho e Kevin, pelo azul. Mas, por exemplo, Eva pinta seu quarto de azul, num determinado momento, e Kevin usa vermelho, em outro. Embora eles raramente estejam próximos um do outro, estão sempre em posições opostas ou de enfrentamento, o uso das cores ao longo do filme ajuda a criar essa conexão entre mãe e filho, apesar de todos os problemas que os envolvem.

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Acho que até quem não assistiu ao filme, consegue perceber esse climão que a história tem, só de ver esses frames, vocês concordam?

Enfim, fiz essa análise, mas não tenho uma conclusão sobre o assunto e nem acho que tenho que ter, na verdade. Como falei, apenas gosto de observar esses elementos e tentar aprender alguma coisa. E achei que seria legal compartilhar com vocês  meus pensamentos e minhas percepções sobre esse filme.

Gosto muito de ver um trabalho bem feito assim e é realmente motivador e inspirador pra quando estamos criando nossas próprias coisas. Só pra deixar claro, não acho que tem que ser regra, não acho que um filme que não tenha essas coisas que eu observei aí em cima seja ruim ou pobre ou preguiçoso. Cada filme é um filme e é muito bom ver quando algo dá certo, sendo feito das mais diversas maneiras que se pode fazer.

Vocês já assistiram Precisamos falar sobre o Kevin? Tiveram impressões parecidas com o que descrevi ou não, não tem nada a ver tudo isso que falei? Me contem aí!